Segundo a Organização Mundial da Saúde, "droga é toda a substância que, introduzida em um organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções". É entendida também como o nome genérico de substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que podem causar danos físicos e psicológicos a seu consumidor. Seu uso constante pode levá-lo à mudança de comportamento e à criação de uma dependência, um desejo compulsivo de usar a droga regularmente, ao mesmo tempo que o usuário passa a apresentar problemas orgânicos decorrentes de sua falta. Quando falamos em drogas, devemos também ter em mente a existência de algo que atenua o sofrimento psíquico ou que é capaz de proporcionar prazer, mesmo que temporário e artificial.
Estudos realizados no Brasil pelo Hospital das Clínicas da USP revelam, que inúmeros são os fatores para que o adolescente seja considerado uma população de alto risco para o consumo de drogas, apontando que a maioria desses jovens começa a ter contato com estas substâncias quando entra na adolescência e começa a definir suas amizades. Isto porque, é justamente neste período, que ele está passando por uma transformação física e mental que poderá gerar maior ou menor sofrimento psíquico, de acordo com o contexto onde ele estiver inserido e de suas características individuais.
À procura de sua identidade, o adolescente torna-se uma presa de fácil manipulação, tanto a nível grupal, como pela mídia, a qual estimula, por exemplo, o uso do álcool e do tabaco, apresentando-os como sinônimos de status e sucesso.
Não podemos nos esquecer, porém, que o incentivo às drogas pode ocorrer dentro do próprio seio familiar, seja pelo uso compulsivo de medicamentos pelos pais, que lhe ensinam subliminarmente que existem substâncias químicas que atenuam a dor e o sofrimento, seja pela cultura alcoólatra ou tabagista pregada dentro do próprio lar.
É comum também nesta fase, o adolescente apresentar um sentimento básico de solidão e sair a busca de algo que preencha este vazio, sentimento este que pode advir de uma época de carência afetiva de sua infância, de sua relação com os pais ou de suas próprias vivências.
Sabe-se que, atrás da compulsividade que leva à dependência, há um desejo a ser saciado, uma vontade de ser amado, de ser reconhecido, uma dor a ser esquecida, uma maneira de desligar-se da realidade indesejável. Apesar dos fatores constitucionais terem grande influência sobre uma maior ou menor impulsividade e/ou sensibilidade afetiva, a presença da família é indispensável no combate e prevenção às drogas.
Numa sociedade permeada por crises financeiras, estresse, onde o "ter" é mais valorizado do que o "ser", é fácil encontrarmos uma estrutura familiar totalmente fragilizada, onde os pais, tentando compensar sua ausência, acabam confundindo liberdade com permissividade. Embora, eu sempre reforce que não importa a quantidade de tempo que os pais possam dispor aos seus filhos, mas sim a qualidade desta relação, observa-se que o jovem, hoje em dia, adquire sua liberdade precocemente, ficando cada vez mais sozinho grande parte do dia, tendo que agir por si próprio. Muitas vezes, sem limites e parâmetros, tenta atrair a atenção dos pais das mais diversas maneiras, pois sente-se solitário e sem reconhecimento. Estar atento a alguns sinais é primordial, antes que seja tarde.
Apesar das mudanças de comportamento serem comuns nesta idade, mudanças radicais de personalidade não o são. É necessário que os pais assumam sua responsabilidade perante a educação dos filhos, ao invés de apenas delegá-la à escola, à igreja ou outras instituições sociais. Conferir o ambiente e as amizades sem despertar a desconfiança, valorizar o jovem conversando sobre diversos assuntos pedindo sua opinião, dar responsabilidades, estipular horários e ressaltar suas qualidades são atitudes importantes a serem consideradas